A Coluna “Roger Responde” é
publicada toda segunda-feira no site www.universalismocristico.com.br.
Roger Bottini Paranhos é autor do livro “Universalismo Crístico – O Futuro das
Religiões”, que pode ser adquirido pelo site da Editora do Conhecimento: www.edconhecimento.com.br
"Pergunta (07/05/2012): Olá
Roger, tudo bem? Você poderia me elucidar uma questão? Gostaria de saber qual a
posição do Universalismo Crístico acerca da temática do aborto em bebês anencéfalos...
Sou a favor da vida, mas quando entra em questão a vida da mãe, entro em
conflito... Você poderia me ajudar a clarificar essa questão que me afeta tanto
o íntimo? Afinal, tendo a mãe risco de vida, ela não deve ser preservada?
Roger: amigos, recebi dezenas de
emails a respeito dessa questão que foi aprovada no STF faz poucas semanas.
Vale ressaltar que foi aprovado o direito de realizar o aborto, e não a sua
obrigatoriedade. O livre arbítrio de cada um, nosso direito mais precioso, está
preservado. No entanto, vale algumas considerações para que seja tomada a
decisão consciente.
Esse é um assunto muito delicado
e que devemos opinar com prudência. Na compreensão que tenho das coisas que me
foram passadas até hoje pelos mestres, entendo que o aborto só deve ser
realizado quando existir risco de morte da mãe. Se for esse o caso,
indiscutivelmente sou favorável a realização do aborto. Caso não seja esse o
caso, sou contra até mesmo ao aborto em
situações de estupro que não haja risco de morte para a mãe. A experiência na vida humana é um campo de
aprendizado de Deus, e não obra do acaso. Não vivemos situações as quais não
necessitamos passar. Colhemos o que plantamos e vivemos segundo a lei de “ação
e reação”. A gestação de um filho concebido em um ato de estupro ou com
deficiências pode resultar na encarnação de um espírito iluminado que irá
trazer grande aprendizado para os pais e para o meio onde viverá. Não devemos
nos focar somente na “casca” e/ou na situação trágica da concepção.
Logo, nada ocorre por acaso. A
gestação de anencéfalos trata-se de um aprendizado para os pais e um processo
de retificação cármica para o espírito que está ligado a esse corpo em
formação, com o objetivo de reconstruir o seu corpo perispiritual degradado
devido a algum ato destrutivo ou de suicídio.
Nessas situações, geralmente os pais e o nascituro estão ligados por
laços cármicos, e é um gesto de generosidade dos genitores acolhe-lo até o
momento de sua inevitável morte prematura, permitindo assim a reconfiguração de
seu corpo perispiritual através do molde físico transitório. E, também, essa
gestação serve de instrumento para amenizar as dores de sua alma sofrida,
através do amor que receberá de pais conscientes que lhe devem dirigir
pensamentos e sentimentos de amor. Se não implica em risco direto de morte para
mãe, por que não realizar o gesto generoso de vibrar com energias de amor para
esse irmão que necessita de carinho e encontra-se acolhido em seu útero?
É um tema realmente difícil e
delicado. E nós, espíritos encarnados, por mais contato que tenhamos com a
Espiritualidade Superior, não temos todas as respostas e não somos senhores da
Verdade. No entanto, creio que o gesto mais sensato e de acordo com a vontade
divina é o de respeitar essa aparente “obra do acaso” com uma predisposição e
determinação divinas de fazer o bem ao nosso semelhante, no caso, o feto
anencéfalo.
Ninguém vive experiências as
quais não necessita para seu aprendizado. Acreditar no acaso, é não crer na
Inteligência divina. Infelizmente, a humanidade ainda vive muito distanciada do
saber espiritual para compreender o quão importante é esse gesto de amor de
permitir que essa gravidez siga o seu curso normal. A realidade espiritual
ainda é invisível aos olhos dos leigos. Em minha opinião, a lei está certa em
não ser proibitiva. Não somos mais crianças. O que falta em nossa humanidade é
o desenvolvimento da consciência espiritual para saber decidir qual o caminho
correto a seguir, com total liberdade para decidirmos os nossos atos.
Além disso tudo, achar natural o
aborto de anencéfalos pode ser o primeiro passo para justificar o aborto de
qualquer outras situações de gestações fora dos padrões da normalidade. E em
breve poderemos até mesmo estarmos abrindo as portas para interromper, de forma
aparentemente justificável, gestações de crianças que não nasçam loiras e de
olhos azuis por meio de técnicas de engenharia genética. A defesa e aceitação
natural do aborto, seja de que forma for, permite a humanidade inconsequente
caminhar em direção a um pensamento nazista e típico dos magos negros atlantes,
assim como narramos no livro “Atlântida – No reino das trevas”, onde se
procurava dar oportunidades de reencarnação somente a filhos “ditos perfeitos”.
Os demais deveriam ser eliminados."
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