Ao analisar o porquê de recebermos a benção de estar mais
uma vez na Terra, surge a necessidade de entender o quanto devemos nos
modificar, e olhar com mais amor para dentro de nós mesmos.
Nós, seres humanos, que viemos para este plano com a
oportunidade de quitar os débitos de várias vidas pretéritas, estamos ainda
muito ligados aos nossos próprios interesses e às nossas próprias vontades.
Quando chegamos aqui viemos com a consciência de seguir o que nos propomos
perante Deus e todos os nossos guias espirituais; porém após entrarmos em
contato com a oportunidade sublime da reencarnação, deixamos aos poucos que
nossos atos desregrados e maledicentes voltem a se manifestar em nossa
personalidade, dominando a nossa essência.
Dentro de cada um de nós há uma luz de vida, fruto da nossa
ligação direta com Deus, chamada AMOR. Entre os muitos corpos sutis que
possuímos além do físico - etérico, emocional, mental, etc. -, temos duas
polaridades básicas formadoras do nosso ser: o nosso Eu superior e o nosso Eu
inferior. O Eu superior forma um conjunto de conhecimentos e experiências que
contribuíram com a nossa evolução ao longo de muitas vidas de aperfeiçoamento
moral e espiritual. Nele está contido a nossa sabedoria, os nossos conceitos,
filosofias e formas de pensamentos que nos conduzem, mesmo que às vezes
inconscientemente, às atitudes de harmonia diante das atribulações da vida.
Estabelecer um maior contato com o Eu superior é o caminho
mais seguro e rápido rumo às escadas da evolução. Em verdade, o nosso Eu
superior guarda muitos segredos que, pouco a pouco, são revelados para nos
ajudar e nos guiar pelos caminhos que levam a consciência sobre a realidade
divina. Tais segredos somente nos são relevados à medida que entramos em
conexão com o verdadeiro amor universal, quando passamos a aceitar o outro como
parte de nós mesmos, sem preconceitos e discriminações, as quais são geradas
unicamente por mentes que ainda estão no estágio de egoísmo e egocentrismo.
Quando começamos a perceber que a nossa evolução pessoal depende da evolução
coletiva, abrimos as portas para a compreensão de que não vale a pena tentar
crescer sozinho, se tudo que nos cerca permanecer pequeno, situação que nos
traria grande incômodo e desconforto interior. É nosso direito querer crescer
material e intelectualmente. Contudo, quando nossos irmãos crescem junto com a
gente e o ambiente se desenvolve na mesma proporção, entramos em um estado de
verdadeira harmonia moral e espiritual, sintetizada pelo Mestre Jesus na frase:
“Amar o próximo como a nós mesmos”, ou seja: amar, aceitar e querer a evolução
do outro, como queremos para nós mesmos.
O nosso Eu superior, fonte de saber acumulado durante vidas
e mais vidas de erros e acertos, sempre nos conduz e nos alerta sobre a
necessidade da evolução pessoal como um reflexo à evolução coletiva. Muitos
irmãos e irmãs de espírito, orientados sobre a existência e importância do Eu
superior em si mesmos, se empolgam em estabelecer vínculo apenas com esse
aspecto do Eu divino. E assim, por acreditarem que somos somente luz, acabam
por esquecer a outra essência fundamental para a nossa formação espiritual: o
Eu inferior.
Por este corpo astral estar conectado aos nossos instintos
mais primitivos e em total desalinho, ignoramos a importância do mesmo para a
nossa evolução e bloqueamos sentimentos fundamentais para estruturar e
solidificar o nosso ideal nesta escarnação. Sentimentos como medo, raiva, ódio,
rancor, entre outros, são sensações naturais devido a todas as nossas vivências
passadas e também pelo acumulo de cargas negativas produzidas pelos nossos
corpos inferiores em ligação com a densidade do ambiente que nos encontramos.
Quando nos deparamos com esses sentimentos, entramos no
seguinte questionamento: se somos feitos do amor puro de Deus, porque somos
portadores de tais enfermidades morais? A resposta é muito simples: estamos
aqui, para amar, aceitar e compreender tais enfermidades. Essa é a nossa missão
quando aceitamos a encarnação, que consiste em amar as nossas enfermidades,
aceitar as enfermidades do outro, e, ao mesmo tempo, transmutá-las vivendo de
acordo com as leis divinas de Deus, exercendo o amor ao próximo e também o
auto-amor. O nosso Eu inferior representa muitas de nossas vontades oprimidas e
não expressadas como as frustações e decepções que são acumuladas e
transformadas em raiva e amargura, permanecendo dentro do nosso ser, até
atingirmos um grau de maturidade e aceitação que nos permita compreender a
origem e o porquê desses sentimentos.
A partir do momento em que olharmos para esses sentimentos
inferiores com os olhos da caridade e da compaixão, começaremos a desenvolver a
capacidade de transmutá-los em sentimentos sublimes, fazendo com que o nosso Eu
superior e o inferior trabalhem juntos na condensação dos nossos sentimentos,
entrando num estado de unidade interior e equilíbrio.
A paz que tanto procuramos se resume na aceitação do que
realmente somos atualmente: seres impuros e, ao mesmo tempo, divinos. Seres de
luz e de sombras. Seres que, apesar de tudo, são amados incondicionalmente por
Deus, nosso Pai e Mãe!
UCNF
Obrigado. Muito bom texto. ;)
ResponderExcluir