A grande maioria de nós, se não todos, já ouviu falar em
crianças índigo, cristais ou outras denominações para crianças que chegam a
esse nosso plano material com um nível diferenciado de consciência. Há muita
literatura a respeito das qualidades desses seres, mas pouco se fala sobre como
não sabemos lidar com a grande maioria delas.
Estamos vivendo um momento de mudanças intensas. As
estruturas sociais e de poder até então conhecidas estão em decadência e não se
sabe ao certo o que está por vir. Vivemos um hiato em que a grande maioria das
pessoas tenta a todo custo manter esses padrões antigos. E, por mais que haja
boas perspectivas no meio espiritualista, as mudanças são de toda ordem e nos
desestabilizam, evidenciando a crueza desse momento. A educação é apenas um
ponto em meio a esse caos.
Nosso sistema educacional está completamente defasado, porém
é mais fácil dizer que as crianças não se adéquam. Aquelas que antigamente eram
consideradas “levadas” e, por isso, disciplinadas por meios morais, são hoje diagnosticadas
com vários transtornos ou patologias: desafiador-opositivo , déficit de
atenção, hiperatividade, etc... E, então, são medicadas. A partir daí, a
questão fica muito complexa.
Inicialmente precisamos falar da hiperatividade do mundo
atual. Vivemos um momento histórico em que tudo é rápido e em que somos levados
a realizar uma gama enorme de atividades. A vida atual é corrida e a massa,
acostumada a esse ritmo, não mais consegue lidar com ritmos diferentes.
Antigamente as cenas de um filme eram longas, o que dava a ele um ritmo
diferente e as pessoas o assistiam e apreciavam. Hoje as cenas são rápidas, o
que dá aos filmes outro dinamismo, tentando manter, nesse mundo agitado, a
atenção dos espectadores.
Se formos considerar o fato de que somos condicionados,
daremos atenção também a estudos que mostram que nossa capacidade de atenção é
o tempo do “plim-plim” da televisão. Fazemos várias coisas ao mesmo tempo, não
temos paciência para a arte e para qualquer coisa que se mostre em menor
velocidade e queremos que com as crianças seja diferente. Mas não é.
O ritmo das crianças também está agitado. Elas vivem no
mesmo mundo que nós! Em geral são obrigadas a realizar muitas atividades, o que
as tira o tempo para brincar e ser criança, estão condicionadas ao
entretenimento acelerado e as pessoas ainda acham que elas têm que ficar horas
diárias sentadas em uma cadeira escolar, olhando para a cabeça do coleguinha da
frente e muitas vezes ouvindo professores que já não tem o menor interesse em
ensinar... Ignora-se primeiramente o fato de que essas crianças tem um corpo,
dicotomizando-o com a mente, que é o que deve ser trabalhado em uma escola.
Entende-se então que os corpos precisam estar parados, disciplinados, para que
a mente possa absorver aqueles conteúdos. Dessa forma qualquer movimento
distinto do esperado já é diagnosticado como doença.
Se formos observar os critérios diagnósticos do DSM IV
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed.), todos nós
seríamos diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e
medicados. Seria uma epidemia? Cabe aqui ressaltar o poder da indústria
farmacêutica que acaba criando doenças e de certa forma, incutindo na mente das
pessoas a necessidade de serem curadas daquele mal. Curadas de quê para quê,
como e para quem? São perguntas que ficam.
A maioria esmagadora das crianças que recebem esse
diagnóstico está muito saudável, querendo mostrar a todo custo que o sistema
está defasado, que não funciona mais. Só que seria muito trabalhoso dar ouvido
a isso. Bem mais fácil entender que o problema é com elas, dar um remedinho e
se manter nessa comodidade que, no final das contas, não leva ninguém a lugar
algum. Outro fato que não é divulgado é com relação aos efeitos desse “remédio
milagroso”. É muito comum ele causar o efeito inverso além de o uso continuado
poder levar ao desenvolvimento de quadros reais de psicose.
Precisamos ouvir mais as nossas crianças. Elas são dotadas
de uma sabedoria que está simplesmente sendo ignorada. E a mudança desse
sistema educacional, que está falido, é questão de urgência. Estejamos atentos
a este grande paradoxo: por um lado falamos de crianças muito especiais, que
vem para ajudar na evolução do planeta; e por outro ignoramos o que elas nos
mostram, querendo acreditar que estejam doentes.
É momento de deixar de lado o que é cômodo e trabalhar para
a construção do mundo em que queremos viver. Os velhos padrões já estão
agonizando. Façamos o luto e deixemos vir o novo, acolhendo toda a sua
vitalidade!
Por UCNF
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