Hoje em dia todos falam de amor, os espiritualistas atuais
focam o amor como sendo o sentimento básico para justificar nossa existência e
afirmam que ele é a base nossa felicidade. De fato é assim, mas o que seria o
amor em uma análise mais apurada e mais minuciosa? E como identificá-lo para
que, assim que detectado, possa permanecer pelo maior tempo possível de forma
contínua em nosso ser? Enfim, como ter uma maior percepção do amor?
Estamos inseridos na dimensão física, ou a terceira
dimensão, na qual é necessário que as coisas tomem forma e movimento para que
sejam manifestadas e captadas pelos sentidos do observador. A física quântica
dá um passo além afirmando que a realidade observada é composta necessariamente
pelo observador, que se torna um com o fenômeno manifestado. Podemos tentar de
muitas formas fugir dessa dimensão que aprisiona nossa alma, mas de um jeito ou
de outro, voltamos sempre para essa densa realidade. Será que o objetivo é
realmente “sairmos” desse cenário físico? Ou devemos encenar nossos respectivos
papéis nesse teatro material, assim como no espiritual?
Concluindo que devemos encarar o desafio da terceira
dimensão, temos também que trabalhar com o fato de que somos seres espirituais
e essa natureza intrínseca se manifesta concomitantemente e de forma integrada
aos nossos compromissos físicos. Em suma, nenhuma análise do Eu pode se dar
satisfatoriamente sem levar em consideração a multiplicidade das dimensões nas
quais ele atua. É um jogo de equilíbrio das nossas ideias, palavras e ações.
Quanto mais nos aprofundamos em um determinado assunto, mais aprendemos sobre
ele, porém igualmente mais limitamos a compreensão da realidade holística na
qual ele está inserido. Por isso não devemos nunca nos afastar de um ponto de
vista universal no exercício de compreensão das coisas.
O mais complicado na ciência do autoconhecimento é a
afirmação de verdades. Eu não posso afirmar que a mente de outrem e,
principalmente, o seu espírito devem funcionar de determinada forma sem que
isso incorra em afastar esse processo da verdadeira realidade que aquela alma
se encontra. Ou seja, devemos nos aprofundar, nos especializar, mas não muito.
Na prática, mais importante que racionalizar a evolução espiritual que
buscamos, é sentir a sutil presença e atuação das novas ideias que surgem em
nosso ser, a intuição que nos move e nos dá prazer, mesmo que estejamos
desacostumados a lhe dar atenção. No fundo, somos aquilo a que damos atenção. A
atenção é o direcionamento que damos ao nosso sentir para aquilo que julgamos
que nos iluminará naquele momento.
Voltando então à questão do amor, só conseguimos manifestar
nosso amor àquilo que damos atenção. Então, por tabela, só podemos amar no
agora. Aliás, só podemos nos manifestar de qualquer forma no agora. Mesmo que
recordemos o passado, ou projetemos o futuro, estamos o fazendo no agora. Por
essa lógica, podemos dizer que também sentimos raiva, ódio, rancor, tristeza,
orgulho, etc, no agora. Mas tudo isso também pode ser considerado amor. Como?
Por acaso deixamos de amar alguém quando lhe damos atenção suficiente para que
seja digno de nosso ódio? Uma dispensa de energia tão grande assim para alguém
deve significar que aquele alguém representa algo muito importante para nós.
Isso não seria uma forma de amor? Não se diz que quando uma pessoa “não gosta”
de outra, ela não fica falando mal dela, mas simplesmente a “esquece”? Isso é
bem verídico. Quando direcionamos um feixe de energia para um ser, nos
envolvemos com aquele ser, nos comprometemos com aquele ser. É assim que os laços
cármicos são construídos. E “carma” significa “ação”, e a Criação age
unicamente através do Amor.
O Universo está em expansão, Deus está em expansão, e Ele se
manifesta em nós. Então, por essa lógica, não é de se concluir que nós também
estamos em expansão? E, mais além, que somos nós que expandimos o Universo?
Alguém pode perguntar: “mas se eu estou limitado a este planeta, como estou
expandindo o Universo?” Construir materialmente resulta em uma movimentação de
energia muito menor do que construir emocionalmente. Os sentimentos e emoções
lidam com uma energia num grau de intensidade muito maior do que a energia que
move os átomos da matéria da terceira dimensão. E as emoções, mesmo que não as
possamos ver, ouvir ou tocar, geram formas, cores e sons em outras dimensões,
em outros mundos-densidade nos quais atuamos simultaneamente a este no qual
você lê essas palavras, e em uma abrangência muitíssimo maior.
O amor em um maior grau de pureza pertence a esses mundos
que não vemos. Ele surge do nosso Eu superior que está presente nas mais altas
esferas de Luz do Universo, e de lá vai descendo até tomar uma forma ou outra
nesse plano material. Mas, às vezes ele não chega aqui embaixo, fica pairando
em planos de densidade mais leves e sutis, mas ainda assim dentro de nós. É por
isso que, por exemplo, sentimos um bem-estar inexplicável quando estamos com
alguém. Não sabemos, em retribuição, expressar em palavras ou atos aquele
bem-estar que o outro ser nos proporciona, seja humano, animal, vegetal, ou
qualquer outro reino da natureza, mas ele está lá, plenamente existente.
Tendo uma noção do que o amor representa e de que forma ele
atua em nós chegamos finalmente ao ponto principal, qual seja, de como
potencializar suas consequências em benefício do todo. Se compreendemos que o
amor é sutil e que desperta em nós sentimentos profundos de bem-estar e
autoconhecimento e, com isso, nos conscientizamos de que nossa qualidade de
vida se amplia, é reconhecendo que esse mesmo processo atua nos nossos
semelhantes que conseguiremos ver neles o reflexo de nós mesmos. Quando nos
conscientizarmos que a natureza de Deus se manifesta igualmente na experiência
existencial de todos os seres, o amor puro proveniente dEle não encontrará
obstáculos nessa grande rede de vida, podendo fluir em todas as direções e com
toda a intensidade possível, que é ilimitada! Que alento divino é pensar que o
Universo é a manifestação perfeita do infinito amor de Deus em constante
expansão que flui através de nós, não é mesmo?
Para que sejamos nós mesmos vias desobstruídas por onde a
energia divina possa fluir livremente, devemos identificar e manifestar o amor
em todas as suas formas, desde as mais sutis, como sentimentos mudos de
bem-querer sincero; até as mais densas, como beijos, abraços e ações de caridade
para com o próximo. E, sobretudo, buscando o bem-estar, que é a fonte
propulsora de toda essa engrenagem, o qual estará acessível a partir do momento
em que aprendermos a amar verdadeiramente a nós mesmos. Somente assim poderemos
cultivar e doar o nosso mais sagrado tesouro íntimo como contribuição ao
crescimento da Criação Universal em benefício de todos os seres.
Por UCNF
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