A visão que se tem de Deus muda conforme se modifica o homem
em sua jornada. O politeísmo trazia em cada deus manifestações das
características humanas. Havia deuses e deusas do amor, da guerra, da
sabedoria, da paciência, da criatividade, dentre tantos outros.
Com o advento de crenças monoteístas, começamos a atribuir a
este Deus único tais características. Criamo-Lo a nossa imagem e semelhança e
atribuímo-Lo uma face que nos fizesse, se não compreender, ao menos respeitar a
“Sua vontade”. Foi-nos apresentado um Deus punitivo, vingativo e até cruel,
pois precisávamos da lei, precisávamos de regras que nos fizessem respeitar ao
mínimo nossos irmãos, e naquela época só conseguíamos respeitar os direitos dos
outros pelo medo. Só nos restava obedecer, sem questionar, em uma espécie de fé
cega. Além do mais, cultuávamos a guerra e a força física. Sendo assim, essa
“qualidade” precisava existir para passarmos a um entendimento monoteísta.
Criamos ainda um Deus vingativo, que punia ao não ser atendido e um Deus egoísta,
que nos atendia em nossos pedidos em troca de algo, muitas vezes material.
Esse talvez seja o ponto que faz muitos desacreditarem da
existência dessa Força Geradora de Vida. A percepção de paixões atribuídas a
Deus pode levar a um questionamento a respeito de sua inexistência,
simplesmente por essa situação não fazer sentido. Porém, é possível trocar essa
visão rígida pelo estudo e busca de conhecimentos, sempre pautados no amor.
Assim se torna possível caminhar, respeitando a todos.
Aos poucos, conforme fomos compreendendo alguns
ensinamentos, começamos a caminhar, lentamente, para a compreensão de um Deus
de amor, de justiça e de misericórdia. Mas ainda nos prendíamos a uma figura
humana. Deus é um, mas ainda visto com um ser que está fora, que está no céu.
Um ente isolado do mundo que o criou e agora o comanda. Precisaríamos
transcender para, quem sabe um dia, estar em Sua magnânima presença, após a
morte de nosso corpo físico.
Contudo, nós já podemos ir além. Estamos desenvolvendo a
compreensão de que o Pai não está fora. Ele se faz presente em toda criação.
“Eu Sou uma Centelha Divina”. Todos somos. Ora, se Deus é um, mas não é uma
figura superior a nos observar e punir, podemos chegar a conclusão de que essa
unidade se faz pela união de toda criação. Trata-se de um coletivo.
Abandonaríamos aqui essa percepção individualista de dentro e fora, porque o
que esta fora também me constitui ao mesmo tempo em que somos parte de Deus.
A partir desta compreensão a necessidade de desenvolvermos o
amor se faz ainda mais clara. O amor que posso oferecer ao meu irmão é na
medida do amor que desenvolvo por mim, é na medida do amor que desenvolvo por
Deus. Da mesma forma acontece com qualquer atitude, sentimento ou pensamento
que dirijo a um irmão. Dirijo-o a Deus e a minha pessoa. Está na hora de
atentarmos para essa compreensão e trabalharmos na construção de um mundo mais
fraterno. Faço parte de toda criação e toda criação me constitui.
Deus poderia, neste momento, apesar de toda limitação de
nossa consciência e linguagem, ser entendido como a Consciência Onipresente e
Onipotente que nos dá vida. Compreensão esta que nos leva a tratar a tudo e a
todos com mais amor, respeito, compreensão e tolerância. Talvez sejamos muito
mais do que irmãos...
Por UCNF
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