domingo, 8 de julho de 2012

Ressurreição e reencarnação: uma relação de complementaridade

Uma das grandes rupturas dentro do Cristianismo diz respeito ao pós-morte. Discussões calorosas ganham destaque a esse respeito – cada um expõe a sua verdade sem ao menos abrir espaço para uma réplica. Reencarnação e ressurreição ganham conotações completamente contraditórias em mentes que não procuram se abrir para tentar perceber outras possibilidades.

Porém, paremos para analisar um fato: uma ideia não nasce do nada, ela é a representação de algo. Muitas vezes isso não é consciente, mas as ideias são representações. As grandes descobertas científicas são formas de concepção de mundo e de utilização de ferramentas oferecidas por ele.

Católicos e protestantes atacam a ideia da reencarnação, por outro lado há pessoas dentro desses contextos que aceitam essa possibilidade, porém sem entender bem do que se trata, quase como uma coisa mitológica, algo impregnado numa cultura. Mas a ideia é aceita por muitos e isso pode ser uma possibilidade de diálogo. Há também seguidores de uma vertente espírita que veem a ressurreição como uma coisa irreal, impossível, mágica. Enquanto há outros que conseguem ver através desse preconceito que se cria.

Com isso percebemos que extremismos tornam inviável qualquer possibilidade de diálogo e de construção de algo novo. Precisamos buscar o caminho do meio, o ponto de equilíbrio. Ouvir procurando deixar de lado nossos pré-conceitos. E aqui é possível ter um ou outro entendimento. O ser humano é plural, o universo é plural, logo, os entendimentos não serão unos. Mas, lhes fazemos um convite: pensemos a respeito desses conceitos.

A reencarnação diz respeito à possibilidade de nascermos de novo em outro momento, em outro lugar, em outro corpo... Ela nos possibilita traçar nosso caminho evolutivo. Todas as lições que podemos aprender em uma vida seriam multiplicadas por várias vidas. Vidas que vão lapidando-nos. A cada experiência, novos aprendizados. Sejam elas quaisquer experiências: de sofrimento, amor, alegria, dor, perda, construção, desconstrução, causar prejuízo ou sofrimento a outrem, enfim, todas as infinitas possibilidades experimentadas. Delas tiramos nossas lições e nos tornamos algo novo a cada momento. Levamos muito tempo, mas podemos sair de pontos de total ignorância e ir a pontos ainda inimagináveis para nós. A cada aprendizado, a cada tentativa de tornarmo-nos seres melhores sentimos maior leveza, uma vibração cada vez mais sutil, caminhamos em direção ao Pai.

E a ressurreição? Esta vem de ressurgir. Aqui talvez seja um equívoco a ideia de que o corpo ressurja. Essa ressurreição é do espírito! Após alguns ciclos reencarnatórios podemos ressurgir como algo novo, como um ser mais evoluído, que poderá estar nessa sintonia com o Cristo. Mas sem a reencarnação, como seria a ressurreição possível? Precisamos dessa lapidação de nosso ser.


Os conceitos são complementares. Ambos são bíblicos, embora muitos ainda insistam em não perceber. Então cristãos, unam-se! E unam também a si todos os outros irmãos, não impondo sua crença, mas utilizando as diferenças para o crescimento de todos. Não há ninguém nesse mundo com absoluta razão. Não há ninguém nesse mundo que saiba tudo. A ferramenta mais importante que temos é o amor. Procure ver sob a ótica do amor e veja dissolverem-se os padrões desnecessários e rígidos que acabamos criando para nós mesmos!

UCNF

Um comentário:

  1. Caros amigos,

    Acho este choque de concepções algo ainda infantil no meio religioso cristão.

    Quando cremos/percebemos numa realidade acima de nós, simplesmente buscamos experimentá-la e uma das conclusões que cedo ou tarde podemos tirar é de que a alma seja eterna.

    Pra onde vai a alma depois da morte é algo que hoje pouco me preocupa pois já não me vejo como um ser terreno buscando experiências espirituais e sim o contrário: um ser espiritual tendo uma experiência terrena.

    Assim, estamos vivedo hoje esta vida. É nela que preciso focar. É nas relações com as pessoas próximas, nos assuntos de minha comunidade, no apoio aos necessitados que estão no meu caminho (a começar pelos familiares), no significado que dou à Vida e no meu aperfeiçoamento ético que preciso "morrer" e "ressuscitar".

    Será que numa mesma série existencial (encarnação) não podemos passar por uma "Morte" e um "novo nascimento"? Procuremos responder isto sem nos reportarmos às doutrinas já construídas. Mas vamos avaliar nossas próprias vidas a luz das experiências tidas até aqui.

    Diz a Bíblia que para Deus um dia é como mil anos e mil anos como um dia. E, sendo assim, estando o Eterno acima da dimensão tempo, penso que seja o proveito tirado de cada experiência que vai produzir crescimento. Afinal, é nesta vida que podemos agora experimentar o tão desejado crescimento e não devemos jogar a chance de avançar no tempo que se chama hoje.

    Um abraço a todos e tenham uma excelente semana.

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